A sociedade alagoana se chocou recentemente
com imagens de jovens em redes sociais exibindo armas e usando drogas
abertamente. As imagens correram o país e deixam o questionamento: Até
onde é crime expor armas e drogas nas redes sociais? O que leva a
juventude a ter esse comportamento exibicionista envolvendo materiais
ilícitos?
Segundo o advogado Welton Roberto, especialista em direito criminal, a
conduta dos jovens caracteriza crime, previsto no artigo 28º da Lei
11343/2006, a lei que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas
sobre Drogas - Sisnad. Em tese, a lei enquadraria os jovens alagoanos.
Mas o jurista chama atanção para um detalhe, a idade dos rapazes.
"A lei só alcança pessoas maiores de 18 anos, mas é preciso debater o
assunto com os jovens os incluindo na discussão, afinal de contas,
quando eles são pegos nessa situação eles cumprem medidas
sócio-educativas que, tendo em vista a situação do sistema a qual eles
são submetidos, são apenas punição, e não reintegração à sociedade",
alerta o advogado.
"Os nossos presídios não conseguem cumprir esse papel, tanto que o
Supremo Tribunal Federal já deu a entender que, devidos as péssimas
condições dos nossos presídios, o preso teria o direito de fugir”,
concluiu o pós-doutor.
Jovens perderam referências, avalia socióloga
Para entender o "fetiche" pela exposição em cenas de violência, o TNH1
ouviu a socióloga Danúbia Barbosa. Para a socióloga, os jovens perderam
o referencial de valores, mas assim como os jovens ditos “normais” tem
os mesmos desejos de se mostrar e se exibir para o seu grupo de
relacionamento.
“Eles são jovens, como quaisquer outros. Eles têm vontade de se
exibir, e nós que vivemos nessa sociedade pós-moderna estamos em uma era
que a imagem é tudo, todos se exibem no Facebook, no Instagram, quando a
foto não está legal simplesmente se apaga, mas esses jovens se exibem
de uma forma que os que os rodeiam acham que eles são bacanas”, avalia a
socióloga.
Barbosa acredita que esse desejo de se mostrar ficou potencializado
de forma negativa na cabeça desses jovens porque eles são alienados.
“Eles acham que isso é ostentação, mas não conseguem ver que podem estar
em um caminho sem volta”, explicou.
Dois caminhos: ou o cemitério ou a cadeira
Para o coronel Dário César, que entregou essa
semana o comando da Secretaria de Defesa Social, os jovens que se
expuseram na rede social são ligados ao mundo do crime. “Olhe, eles
estão cometendo crimes, pelo fato de estarem armados, e não estão apenas
consumindo drogas, estão também comercializando, além de fazer apologia
ao crime se mostrando como criminosos, os ‘donos do pedaço’”, disse o
secretário.
O secretário acredita que o problema desses jovens não é apenas da
segurança pública, é um problema que precisa de uma ação social
integrada, ou seja, se faz necessário a atuação em várias áreas do poder
público.
“É preciso ter uma visão além da segurança pública desse caso, é um
problema social muito grave. Se você tem os jovens usando drogas e com
armas, eles só existem dois caminhos, o cemitério ou a cadeia, não há
outro caminho”, afirma o secretário.
O coronel fez ainda uma análise social, já que acredita que a
juventude da periferia alagoana “está doente”. Por isso, a reportagem
ouviu a socióloga Danúbia Barbosa. Queríamos saber dela se a avaliação
do coronel está correta, e segundo ela tudo leva a crer que sim. Para a
socióloga, esses perderam o referencial de valores, mas assim como os
jovens ditos “normais” tem os mesmos desejos de se mostrar e se exibir
para o seu grupo de relacionamento.
Fonte: Uol
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