segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Expor armas e drogas nas redes sociais é considerado crime, alerta especialista


Jovens maceioenses exigem armas e usam drogas em fotos postadas no Facebook (Crédito: Reprodução Facebook)
   (Crédito: Reprodução Facebook)
 
A sociedade alagoana se chocou recentemente com imagens de jovens em redes sociais exibindo armas e usando drogas abertamente. As imagens correram o país e deixam o questionamento: Até onde é crime expor armas e drogas nas redes sociais? O que leva a juventude a ter esse comportamento exibicionista envolvendo materiais ilícitos? 

 
Segundo o advogado Welton Roberto, especialista em direito criminal, a conduta dos jovens caracteriza crime, previsto no artigo 28º da Lei 11343/2006, a lei que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad. Em tese, a lei enquadraria os jovens alagoanos. Mas o jurista chama atanção para um detalhe, a idade dos rapazes.
"A lei só alcança pessoas maiores de 18 anos, mas é preciso debater o assunto com os jovens os incluindo na discussão, afinal de contas, quando eles são pegos nessa situação eles cumprem medidas sócio-educativas que, tendo em vista a situação do sistema a qual eles são submetidos, são apenas punição, e não reintegração à sociedade", alerta o advogado.
"Os nossos presídios não conseguem cumprir esse papel, tanto que o Supremo Tribunal Federal já deu a entender que, devidos as péssimas condições dos nossos presídios, o preso teria o direito de fugir”, concluiu o pós-doutor.
Jovens perderam referências, avalia socióloga
Para entender o "fetiche" pela exposição em cenas de violência, o TNH1 ouviu a socióloga Danúbia Barbosa. Para a socióloga, os jovens perderam o referencial de valores, mas assim como os jovens ditos “normais” tem os mesmos desejos de se mostrar e se exibir para o seu grupo de relacionamento.
“Eles são jovens, como quaisquer outros. Eles têm vontade de se exibir, e nós que vivemos nessa sociedade pós-moderna estamos em uma era que a imagem é tudo, todos se exibem no Facebook, no Instagram, quando a foto não está legal simplesmente se apaga, mas esses jovens se exibem de uma forma que os que os rodeiam acham que eles são bacanas”, avalia a socióloga.
Barbosa acredita que esse desejo de se mostrar ficou potencializado de forma negativa na cabeça desses jovens porque eles são alienados. “Eles acham que isso é ostentação, mas não conseguem ver que podem estar em um caminho sem volta”, explicou.
Dois caminhos: ou o cemitério ou a cadeira
Para o coronel  Dário César, que entregou essa semana o comando da Secretaria de Defesa Social, os jovens que se expuseram na rede social são ligados ao mundo do crime. “Olhe, eles estão cometendo crimes, pelo fato de estarem armados, e não estão apenas consumindo drogas, estão também comercializando, além de fazer apologia ao crime se mostrando como criminosos, os ‘donos do pedaço’”, disse o secretário.
O secretário acredita que o problema desses jovens não é apenas da segurança pública, é um problema que precisa de uma ação social integrada, ou seja, se faz necessário a atuação em várias áreas do poder público.
“É preciso ter uma visão além da segurança pública desse caso, é um problema social muito grave. Se você tem os jovens usando drogas e com armas, eles só existem dois caminhos, o cemitério ou a cadeia, não há outro caminho”, afirma o secretário.
O coronel fez ainda uma análise social, já que acredita que a juventude da periferia alagoana “está doente”. Por isso, a reportagem ouviu a socióloga Danúbia Barbosa. Queríamos saber dela se a avaliação do coronel está correta, e segundo ela tudo leva a crer que sim. Para a socióloga, esses perderam o referencial de valores, mas assim como os jovens ditos “normais” tem os mesmos desejos de se mostrar e se exibir para o seu grupo de relacionamento.

Fonte: Uol

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