domingo, 5 de fevereiro de 2012

Com Exército, praias de Salvador lotam

Por FÁBIO GUIBU e GRACILIANO ROCHA: Folha de São Paulo

Em dia ensolarado e sob a proteção do Exército e da Força Nacional de Segurança, as praias de Salvador lotaram ontem, no primeiro fim de semana após a decretação da greve dos policiais militares da Bahia, que começou na última terça-feira.
Tropas federais armadas com fuzis e metralhadoras também protegiam os principais pontos turísticos da cidade, como o Pelourinho e o farol da Barra.
A Polícia Militar mobilizou os policiais que não aderiram ao movimento, e até oficiais da corporação podiam ser vistos patrulhando as ruas da cidade pela manhã.
Até anteontem, 2.300 homens das tropas federais haviam sido deslocados para a Bahia. Mais 700 militares são esperados até hoje.
A sensação de segurança que faltava nos dias anteriores encorajou turistas e moradores de Salvador a saírem de casa ontem.
"Fazia dois dias que eu não saía do apartamento", disse o empresário italiano Marco Baghin, 42, na praia do Porto da Barra. "Não via sentido em correr o risco de ser agredido ou furtado."
Baghin estava em Salvador em 2001, na primeira greve da PM. Para ele, a paralisação de 11 anos atrás foi "mais generalizada". "Naquela época, tive medo. Agora, só fiquei precavido", afirmou.
A publicitária paulista Amanda Almeida, 24, chegou quinta-feira a Salvador, com previsão de retorno no próximo dia 13. Mas ela já pensa em antecipar a volta.
"Já perdi três shows, que foram adiados, e, ontem [anteontem], não tinha nem restaurante aberto para jantar", afirmou ela. "Pagar para ficar no hotel não dá."
A publicitária disse que "a ficha caiu" quando ela se viu sentada no hotel, assistindo a novela das seis.
"Não acreditei no que estava acontecendo", afirmou. "Se as coisas melhorarem, fico mais uns dias."
A turista paulista Karen Latsch, 27, chegou a Salvador na madrugada de ontem e disse que, apesar da greve, viajou sem medo e ficou ainda mais tranquila quando, no percurso para o hotel, viu dois carros de polícia circulando nas ruas.
"Acho que os paulistas estão mais tranquilos que os baianos", disse ela. "Para nós, essa situação não é assim tão exótica", afirmou, tomando banho de sol.
A movimentação na praia animou a comerciante Maria José Teixeira, 52. "O movimento ainda não está normal, mas já melhorou muito", disse ela. "Se tem polícia hoje, por que não tem todo dia?"

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