Por FÁBIO GUIBU e GRACILIANO ROCHA: Folha de São Paulo
Em
dia ensolarado e sob a proteção do Exército e da Força Nacional de
Segurança, as praias de Salvador lotaram ontem, no primeiro fim de
semana após a decretação da greve dos policiais militares da Bahia, que
começou na última terça-feira.
Tropas
federais armadas com fuzis e metralhadoras também protegiam os
principais pontos turísticos da cidade, como o Pelourinho e o farol da
Barra.
A
Polícia Militar mobilizou os policiais que não aderiram ao movimento, e
até oficiais da corporação podiam ser vistos patrulhando as ruas da
cidade pela manhã.
Até anteontem, 2.300 homens das tropas federais haviam sido deslocados para a Bahia. Mais 700 militares são esperados até hoje.
A sensação de segurança que faltava nos dias anteriores encorajou turistas e moradores de Salvador a saírem de casa ontem.
"Fazia
dois dias que eu não saía do apartamento", disse o empresário italiano
Marco Baghin, 42, na praia do Porto da Barra. "Não via sentido em correr
o risco de ser agredido ou furtado."
Baghin
estava em Salvador em 2001, na primeira greve da PM. Para ele, a
paralisação de 11 anos atrás foi "mais generalizada". "Naquela época,
tive medo. Agora, só fiquei precavido", afirmou.
A
publicitária paulista Amanda Almeida, 24, chegou quinta-feira a
Salvador, com previsão de retorno no próximo dia 13. Mas ela já pensa em
antecipar a volta.
"Já
perdi três shows, que foram adiados, e, ontem [anteontem], não tinha
nem restaurante aberto para jantar", afirmou ela. "Pagar para ficar no
hotel não dá."
A publicitária disse que "a ficha caiu" quando ela se viu sentada no hotel, assistindo a novela das seis.
"Não acreditei no que estava acontecendo", afirmou. "Se as coisas melhorarem, fico mais uns dias."
A
turista paulista Karen Latsch, 27, chegou a Salvador na madrugada de
ontem e disse que, apesar da greve, viajou sem medo e ficou ainda mais
tranquila quando, no percurso para o hotel, viu dois carros de polícia
circulando nas ruas.
"Acho
que os paulistas estão mais tranquilos que os baianos", disse ela.
"Para nós, essa situação não é assim tão exótica", afirmou, tomando
banho de sol.
A
movimentação na praia animou a comerciante Maria José Teixeira, 52. "O
movimento ainda não está normal, mas já melhorou muito", disse ela. "Se
tem polícia hoje, por que não tem todo dia?"
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