O presidente falou sobre o assunto à revista New Yorker
Foto:
Jewel Samad / AFP
O presidente americano Barack Obama entrou para o time dos figurões favoráveis à legalização da maconha - bem, em realidade, quase isso.
Com pesquisas que desde o fim do ano passado indicam que os
americanos mudaram sua opinião sobre a droga, Obama diz que fumar a erva
é ruim, mas não é mais prejudicial para a saúde do que o álcool e que
não vê sentido em punir criminalmente os usuários.
As declarações de Obama foram publicadas ontem no site da revista The
New Yorker, em reportagem do editor David Remnick, autor de A Ponte - A
Vida e Ascensão de Barack Obama.
— Como já foi revelado, fumei maconha quando era garoto e considero
um hábito ruim e um vício, não muito diferente dos cigarros que fumei
quando jovem e até uma idade avançada na minha vida adulta. Não acho que
seja mais perigosa do que o álcool— afirmou o presidente, que nos anos
1970 consumiu maconha no Havaí.
Surpreso com a resposta, o jornalista insistiu:
— É menos prejudicial?
Segundo Remnick, Obama se reclinou na cadeira e pensou por instantes antes de responder:
— Menos perigoso, em termos do impacto no consumidor individual. Não é
algo que eu encoraje. Já falei para minhas filhas que é uma má ideia,
uma perda de tempo, não muito saudável.
O que realmente incomoda Obama, diz o texto, é a desproporção entre
as prisões por maconha, com mais prisões entre jovens pobres do que de
ricos.
— Os garotos de classe média não vão para a prisão por fumar maconha,
mas os garotos pobres, sim. E os garotos afro-americanos e os garotos
latinos têm mais probabilidade de serem pobres e são menos propensos a
dispor de recursos e apoio para evitar penas excessivamente duras.
Obama demonstrou apoio à recente legalização da maconha nos Estados de Colorado e Washington.
— É importante que isso seja superado porque é importante para a
sociedade evitar uma situação na qual grande parte da população tenha em
um determinado momento violado a lei e apenas uma pequena porção dela
seja castigada.
O uso da maconha com fins medicinais
foi autorizado em 21 Estados do país. Os Estados de Washington e
Colorado são os únicos a permitir o uso recreativo da droga - gerando
discrepâncias com a legislação nacional, que considera crime. No
entanto, em agosto, a Casa Branca anunciou que não iria barrar a
legalização recreacional nos dois Estados.
Legalização não vai resolver todos os problemas, afirma
Em 2012, ele já havia declarado que não fazia sentido dar prioridade
na política antidrogas aos usuários de drogas recreativas em Estados que
já disseram que isso é legal.
— Tenho um peixe maior para fritar — afirmara.
Ainda na entrevista que será publicada na edição de 27 de janeiro, o
jornalista descreve como Obama também agilmente contrabalança suas
afirmações, desmontando parte de um dos argumentos mais repetidos em
favor da legalização:
— Aqueles que afirmam que legalizar a maconha é a panaceia e que isso
vai resolver todos os problemas sociais provavelmente exageram —
ressaltou.
Acrescentou que a política de legalização no Colorado e em Washington é complexa e que o experimento será "um desafio".
Entre os que defendem a legalização como estratégia para reduzir o
narcotráfico estão os ex-presidentes Bill Clinton, Vicente Fox e
Fernando Henrique Cardoso.
Obama também diferenciou a maconha das drogas "mais duras", que
"prejudicam gravemente o consumidor e têm custos sociais importantes" e
ponderou o risco de, se for totalmente legalizada, surgir um movimento
para incluir outras substâncias.
Fonte: ZERO HORA
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