Na Copa, aeroporto do Ceará poderá ter terminal de lona
Governo federal trabalha com a possibilidade de erguer salas provisórias em cidades onde há atrasos nas obras.Consórcio responsável por obras no aeroporto de Fortaleza não tem condições de entregá-las no prazo, diz ministro.
Por causa dos atrasos nas obras de ampliação do aeroporto de Fortaleza, o
governo federal trabalha com a possibilidade de fazer um terminal
provisório de passageiros para a Copa do Mundo no local.
Com apenas 25,9% das obras concluídas até dezembro, o caso cearense é o mais grave para o governo.
A Copa começa no dia 12 de junho. Salvador e Cuiabá também têm atrasos que estão preocupando Brasília.
Segundo o ministro Moreira Franco, da Secretaria de Aviação Civil da
Presidência da República, o consórcio responsável pelas obras no
aeroporto de Fortaleza "visivelmente não tem condições" de entregá-las
no prazo.
"Constatei um atraso excessivo. A opção agora é construir alternativas." O status das obras, diz, é "crítico".
O plano B em estudo é erguer um terminal provisório, chamado pela
Infraero de MOP (Módulo Operacional), estrutura pré-fabricada, com forro
de lona e climatizado, para dar conta da demanda. Eles já foram
construídos em Guarulhos (terminal 4) e Florianópolis, entre outros.
As outras opções, consideradas menos prováveis pelo governo, são dar
continuidade às obras com outra empresa ou pressionar o consórcio atual a
cumprir os prazos.
"Se fico satisfeito? Claro que não", disse Moreira Franco, sobre o
constrangimento causado pelos atrasos às vésperas da Copa do Mundo.
O martelo será batido hoje, em visita de Moreira Franco ao Ceará. Representantes da Anac e da Infraero também estarão no local.
O aeroporto de Fortaleza tem capacidade para 6,2 milhões de passageiros
por ano. A demanda prevista para este ano é de 6,8 milhões de
passageiros/ano, segundo a Infraero, que gere o terminal.
As obras para a Copa pretendiam elevar a capacidade do terminal para 8,6
milhões por ano, o que atenderia à demanda. Segundo o Portal da
Transparência do governo, apenas 10% do orçamento destinado à obra
haviam sido executados.
O projeto atrasou ao menos oito meses: o plano inicial da Infraero era
começar as obras em outubro de 2011; o início só ocorreu em junho do ano
seguinte.
O último prazo de entrega, segundo a estatal, era março deste ano.
Os problemas com a execução fizeram a Infraero aplicar duas multas ao
consórcio CPM Novo Fortaleza, formado pelas empresas Consbem, Paulo
Octávio e MPE, no valor total de R$ 1,140 milhão.
A estatal disse estar adotando "as medidas legais cabíveis em contrato" e
que está monitorando o consórcio para cumprir o cronograma.
A Folha conseguiu contato com a MPE, uma das integrantes do consórcio de
Fortaleza. Segundo a empresa, a responsável pelas obras é a Consbem. A
reportagem não encontrou o diretor da Consbem responsável pelas obras.
Ao ser questionado sobre as construções em curso no aeroporto de Cuiabá,
onde também cogitou-se os terminais de lona, o ministro Moreira Franco
descartou, em princípio, a construção de terminais provisórios na
capital de Mato Grosso.
"A hipótese [do terminal provisório] é Fortaleza." Em Cuiabá, 40% das
obras estavam prontas em 30 de novembro, segundo a Infraero.
Por Ricardo Gallo
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