Os resultados apresentados pela classe
política brasileira, sobretudo no campo da ética, têm dado margem a comentários
nada lisonjeiros que enlameiam, inclusive, aqueles cujas ações estão sendo
pautadas dentro dos padrões morais exigidos a todos quantos se propõem a
exercer a representação popular.
Tem havido, lamentavelmente, uma
vertiginosa queda de qualidade no universo dos homens públicos nacionais e,
sempre em ano de eleição, como o corrente, renascem as esperanças de melhoria
nos quadros existentes, mesmo persistindo, equivocadamente, uma grande repulsa
da sociedade pelo exercício da política.
Repugnar político, por qualquer que seja a razão
apontada pelo brasileiro, é um direito garantido no ambiente democrático. A
política, no entanto, não. Ela deve ser aceita como um instrumento capaz da
construção dos meios de defenestração dos oportunistas infiltrados nos partidos
com a finalidade de satisfazer seus interesses pessoais, condenáveis, de
negação de tudo quanto se espera dos detentores de mandatos eletivos ou de
cargos na pública administração.
As pessoas de bem, incluindo os jovens, que
estão distantes da política, só contribuem para ampliação dos espaços já
ocupados pelos malfeitores e ajudam a manter o estado de coisas detestáveis
postas a afrontarem os sentimentos daqueles ainda capazes de se indignarem com
a transgressão à coisa pública, nos seus mais diversos aspectos em que se
inclui a apropriação e os desmandos incontroláveis, apesar de todo o aparato de
fiscalização já existente.
Faz tempo que os resultados das eleições só
apresentam mudanças de "seis por meia dúzia", o que significa, no
linguajar comum, a troca dos mesmos. Não há renovação qualitativa, de gente com
envergadura moral capaz de, sendo Governo, contestá-lo quando necessário,
segundo os seus princípios, e sendo oposição saiba representar bem essa
importante parcela social, pois quando séria ajuda o governante, com a crítica
e a vigilância, a melhor servir ao seu povo.
O calendário eleitoral definido pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), assim como o ano civil, começou a ser
praticado na última quarta-feira, com as limitações sobre pesquisas de intenção
de votos. Mas o dos políticos, interessados direta ou indiretamente na disputa
de outubro, está informalmente vigorando há algum tempo, principalmente aos
pretensos candidatos a cargo majoritário, apesar da imobilidade dos seus
partidos, quase todos fisiológicos e, por conseguinte, mais fragilizados que
muitos dos seus filiados, interessados apenas em ter a legenda para a garantia
da candidatura.
Por EDISON SILVA:EDITOR DE POLÍTICA/DIÁRIO DO NORDESTE
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