quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Governo e Fifa querem tirar poder de Ricardo Teixeira

Zurique, 10 (AE) - A Fifa e o governo brasileiro lançam uma operação para tentar marginalizar Ricardo Teixeira das decisões da Copa do Mundo de 2014 e fechar um acordo sobre os pontos pendentes até março. Na última segunda-feira, Pelé, com um mandado da presidente Dilma Rousseff, se reuniu com a Fifa em Zurique. Nesta terça, foi a vez do presidente da entidade, Joseph Blatter, receber de forma discreta o deputado federal Romário para discutir a aprovação da Lei Geral da Copa no Congresso e uma estratégia de colaboração.

Alex RégisRomário participou de uma reunião secreta com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, ontem, na Suíça 
Romário participou de uma reunião secreta com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, ontem, na Suíça

A Agência Estado apurou com exclusividade que Romário e Blatter tentarão montar um grupo formado por membros do Congresso, um representante de Dilma, o ministro dos Esportes e o ministro da Fazenda para nas próximas semanas fechar um acordo. A CBF não estará representada. O grupo trabalharia nas próximas semanas para que, em março, Blatter e Dilma possam anunciar o entendimento em um evento em Brasília. "Chegou a hora de fechar um acordo", afirmou Romário, ao deixar as duas horas de reuniões na Fifa.

Blatter e Ricardo Teixeira estão envolvidos em uma verdadeira guerra pelo poder. O suíço ameaça divulgar documentos que mostrariam subornos ao brasileiro. Já Teixeira, além de ter em suas mãos o maior evento da Fifa - a Copa do Mundo -, ameaça implicar Blatter nos escândalos.

A estratégia da Fifa passou a ser a de se aliar a antigos e atuais desafetos de Teixeira, principalmente entre os jogadores, como forma de afastá-lo gradualmente das decisões. No Palácio do Planalto, Dilma não mantém a mesma relação com Teixeira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nutria.

A opção de Dilma foi a de passar a tratar diretamente com a Fifa A Agência Estado revelou com exclusividade que Pelé chegou a declarar que havia chegado para "apagar o fogo" e que tinha o mandado de Dilma para chegar a um acordo com a Fifa. Romário contou que foi a Fifa quem o procurou, em mais um sinal de que a entidade está ativamente buscando os desafetos do cartola.

Sobre o futuro de Ricardo Teixeira, tanto Romário como a Fifa insistem que o cartola não teria mais condições de continuar liderando os trabalhos para a Copa. Romário garante que não falou do assunto com Blatter. Mas mantém uma posição dura. "Ele (Teixeira) deveria pedir um afastamento para tratar da sua saúde e nesse período chegaríamos a acordos com a Fifa", explicou Romário. "Assim, quando ele voltar, se é que ele voltará, teremos tudo solucionado", disse.

Romário defende que o COL seja liderado por um técnico, auxiliado por cinco ou seis ex-jogadores. "Isso dá credibilidade", ressaltou. Do lado da Fifa, a posição é similar. Jogadores como Cafu e Zico estão sendo cotados para fazer parte do novo grupo.

Preços dos ingressos não são o ideal, segundo o deputado

Enquanto o novo grupo não é formado, Romário deixa claro que todos terão de ceder para que haja um acordo. O deputado levou à Blatter uma carta do presidente do Senado, José Sarney, e insistiu que o Brasil não aceitaria algumas das exigências impostas pela Fifa no setor de marketing e ingressos

Um dos pontos que Romário exige mudança é na questão dos ingressos para idosos. A CBF prometeu 32 mil entradas gratuitas para deficientes e ainda a meia-entrada para idosos. "Mas o setor escolhido para essa redução é um dos mais caros", explicou o deputado. "Ainda assim, custarão R$ 350,00. Não dá para aceitar", disse. O deputado garante que o gesto da CBF de fazer a doação de ingressos e a questão dos idosos não será suficiente para que ele fique satisfeito. "Essa doação foi apenas um detalhe".

Outra questão em aberto é a multa que a Fifa quer cobrar a torcedores que comprem entradas e não aparecem nos estádios. "Não vamos aceitar isso", disse. Para Romário, o problema é que o acordo entre a CBF, Fifa e governo foi assinado há quatro anos "Desde então, novas leis entraram em vigor no País", explicou.

O ex-craque garantiu que os cartolas da Fifa mostraram disposição em adequar suas exigências às leis nacionais. "Saio satisfeito e com a garantia da Fifa de que estão dispostos a sentar e superar o impasse. A Fifa entendeu que as coisas mudaram no Brasil. Vamos ter um acordo que não irá prejudicar nem a Fifa e nem o Brasil", afirmou. 
 
Fonte: Tribuna do Norte

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