Por João Villaverde | De Brasília
O
salário mínimo em 2012 será de R$ 625,00. Esse valor, que será
anunciado oficialmente pelo governo na semana que vem, começa a vigorar
em 1º de janeiro. O reajuste, de 14,7%, deve ser pouco superior ao que
prevê a regra de gatilho salarial acertada entre a presidente Dilma
Rousseff e as centrais sindicais, em fevereiro.
O
índice de reajuste leva em conta a variação da inflação, medida pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior (no caso,
2011), e o Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes (2010). O
valor do novo salário mínimo foi antecipado ao Valor por fonte do
Palácio do Planalto.
O
parecer final da área de Trabalho, Previdência e Assistência Social da
Comissão Mista de Orçamento, no Congresso, fixou o mínimo em R$ 622,73. É
esse valor que está nas mãos dos relatores do Orçamento, o deputado
Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). O
reajuste aprovado pelos parlamentares, de 14,26%, leva em conta
estimativa de INPC de 6,7% em 2011 - o resultado final só será conhecido
no fim de janeiro, quando o INPC de dezembro será divulgado.
Como
ocorreu nos últimos anos, quando o governo evitou trabalhar com um
valor "quebrado" de salário mínimo, a presidente Dilma afirmou à
interlocutores que o salário mínimo de 2012 será "arredondado" para
cima, de forma a compensar um eventual desvio do INPC além do esperado.
A
equipe econômica também trabalha com uma revisão do PIB de 2010, de
7,5% para 7,7% ou 7,8%. "Com um PIB de 2010 mais forte e um INPC mais
salgado, o salário mínimo de R$ 625 não vai ficar muito distante do que
seria justo, seguindo a regra", afirmou a fonte.
O
salário mínimo de R$ 625 será "o verdadeiro motor da retomada
econômica", disse Bernardo Wjuniski, economista-chefe para a América
Latina da Medley Global Advisors. De acordo com Wjuniski, o efeito em
cascata sobre a demanda das famílias proporcionado pelo forte reajuste
de 14,7% no salário mínimo será muito importante para a "reativação" da
atividade. "A economia não dá mostras de que se acelerou em novembro ou
em dezembro, mas certamente vai ganhar força em 2012, principalmente no
segundo semestre."
O
especialista em contas públicas da Tendências Consultoria, Felipe
Salto, estima em R$ 24 bilhões o aumento de despesas no Orçamento do ano
que vem, decorrentes do novo patamar do salário mínimo. O impacto do
mínimo é direto em três rubricas do Orçamento: os benefícios da Lei
Orgânica de Assistência Social (Loas), o seguro-desemprego e os
benefícios de 70% dos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS).
"O
governo dificilmente vai cumprir o superávit primário cheio no ano que
vem, e o forte reajuste do mínimo será uma das principais razões",
afirmou Salto, para quem o cumprimento da meta de 3,1% do PIB neste ano,
"um ponto muito positivo do governo Dilma", foi resultado do reajuste
do mínimo apenas pela inflação.
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