Por José Maria Tomazela, de O Estado de S.Paulo
SOROCABA
- Aliados do ex-líder do Movimento dos Sem-Terra (MST), José Rainha
Júnior, preso desde junho deste ano por suspeita de desvio de verbas
públicas, anunciaram nesta sexta-feira, 23, que vão retomar em janeiro
as invasões de fazendas no Pontal do Paranapanema e Alta Paulista, no
oeste do Estado de São Paulo. O objetivo, definido em assembleias
realizadas em acampamentos da região, é cobrar novos assentamentos e
protestar contra a perseguição aos líderes sem-terra que atuam no oeste
paulista.
As
ações, programadas para o início do mês, serão reforçadas com
trabalhadores das usinas de cana-de-açúcar que foram dispensados ao
final da safra. "Vamos homenagear o nosso líder que está preso por
perseguição política e repetir o janeiro quente que ele criou", disse o
militante Luciano de Lima, do MST da Base, a dissidência do MST criada
por Rainha.
Em
janeiro do ano passado, os grupos ligados a José Rainha invadiram 38
fazendas no oeste paulista. A prisão do líder durante a Operação
Desfalque da Polícia Federal deixou o movimento sem ação e tirou o ânimo
da militância, segundo Lima. "Com ou sem o Zé (José Rainha) a luta
precisa continuar. Os acampamentos que tinham perdido militantes estão
recuperando, graças aos usineiros que já demitiram mais de dois mil
trabalhadores este mês. Esse pessoal está nos procurando para entrar na
nossa luta."
Entre
as reivindicações dos sem-terra está a posse imediata de oito fazendas
que já foram adquiridas ou desapropriadas pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) e aguardam o parecer final da
Justiça. "O dinheiro está na conta do fazendeiro, mas as famílias
continuam sob a lona", disse Lima. Eles querem ainda a destinação para a
reforma agrária de 92,6 mil hectares de terras do Pontal que já foram
julgadas devolutas pela Justiça.
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